É uma das esquisitices do nosso tempo que na época em que mais tempo vivemos haja tanta dificuldade em relação ao que se convencionou chamar velhice . Palavras significam emoções e conceitos, portanto também preconceitos . Por isso, quero falar de minha implicância com a implicância que temos com os vocábulos – e a realidade – velho , velhice . E, como gosto de historinhas, algumas, como esta, reais, lembro um episódio com Tônia Carrero, ainda uma linda mulher aos oitenta anos, na casa de minha comadre Mafalda Verissimo. De repente, alguém lhe perguntou: “Tônia, chegando aos oitenta, como você lida com a velhice?". Nós todos gelamos, mas ela, em pé no meio da sala, possivelmente com um cálice de champanhe na mão, respondeu sem hesitar: "Ora, eu acho ótimo. Porque a alternativa seria a morte”. A presença de Tônia era sempre uma festa naqueles tempos. E nós, eu então com mal uns cinquenta, achei maravilhosa aquela presença de espírito, e aquele pensa...