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Mostrando postagens de junho, 2013

Longe de todos os olhos

  O chefe Junaid tinha um discípulo preferido. Inconformados, os outros foram reclamar. “Vamos fazer uma prova. Quem vencer, será seu discípulo favorito”, disseram eles. O chefe concordou, e pediu que lhe trouxessem vinte pássaros. Deu um para cada discípulo e ordenou: “será considerado o melhor aquele que conseguir. Cada um deve matar o pássaro num lugar onde ninguém possa ver”. Cada discípulo procurou o lugar mais difícil possível. Todos cumpriram o pedido – exceto o favorito, que trouxe o pássaro vivo. “Por que descumpriste minha ordem ? ”, perguntou Junaid. “Porque o mestre disse que tinha que matar esta ave em um lugar onde ninguém pudesse ver”, respondeu o discípulo. “Em todas as partes onde fui, Deus estava me olhan do”. “Você foi o único a entender meu pedido”, disse Junaid. E os outros discípulos pediram desculpas por terem sido invejosos.    Paulo Coelho

Folha em branco

Certo dia eu estava aplicando uma prova e os alunos, em silêncio, tentavam responder às perguntas com uma certa ansiedade. Faltavam uns 15 minutos para o encerramento e um aluno levantou o braço, dirigiu-se a mim e disse: “Professor, pode me dar uma folha em branco?” Levei a folha até sua carteira e perguntei por que ele queria mais uma folha em branco. Ele respondeu:  “Eu tentei responder às questões, rabisquei tudo, fiz uma confusão danada e queria começar outra vez.” Apesar do pouco tempo que faltava, confiei no rapaz, dei-lhe a folha em branco e fiquei torcendo por ele. Aquela sua atitude causou-me simpatia. Hoje, lembrando aquele episódio simples, comecei a pensar quantas pessoas receberam uma folha em branco, que foi a vida que Deus lhe deu até agora, e só têm feito rabiscos, tentativas frustradas e uma confusão danada…  Acho que agora seria bom momento para se repensar a própria vida, pedir uma nova folha em branco, uma nova oportunidade para ser feliz....

Barcos de papel

Quando a chuva cessava e um vento fino franzia a tarde tímida e lavada,   eu saía a brincar, pela calçada,   nos meus tempos felizes de menino.   Fazia, de papel, toda uma armada;   e, estendendo meu braço pequenino,   eu soltava os barquinhos, sem destino,   ao longo das sarjetas, na enxurrada...   Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,   que não são barcos de ouro os meus ideais:   são feitos de papel, são como aqueles,   perfeitamente, exatamente iguais...   - Que os meus barquinhos, lá se foram eles! Foram-se embora e não voltaram mais!   Guilherme de Almeida