O
professor chegou com uma mala.
O
professor presenteou cada aluno com uma rosa.
O
professor abriu um livro e o livro era o infinito.
A
rosa espinhenta fazia cada mão sangrar.
Todos
os alunos mergulharam no livro
E
nessa proeminente jornada
Deslizaram
por um arco-íris em preto e branco
Ouviram
músicas que ainda não foram criadas
Viram
monstros que só sabiam dizer “sim”
Abraçaram
desejos que se convertiam em beija-flores
Até
chegarem a uma porta:
A
porta da percepção.
Abriram-na
e entraram.
À
frente, espelhos os aguardava.
Todavia,
antes de se aproximarem dos espelhos
Uma
pergunta lutava contra uma resposta
E
a mais forte vencia.
Quando
chegaram diante dos espelhos
Perceberam
que o discurso era o ar
Que
todos respiravam
E as palavras, o vento.
Cada
estudante tinha seu próprio espelho.
O
diálogo com o espelho foi silencioso
Breve
e infinito
Porque
o próprio livro era o infinito.
Ao
tocarem no espelho,
Um
frêmito de folhas de árvores
E
um pequeno furacão
Suspenderam
no ar os pupilos.
Então
a linguagem das infinitas possibilidades
Apareceu
disfarçada de mulher
Uma
beldade
(Cuja
luz era tão intensa que quase ninguém
Conseguia
vê-la)
E
presenteou cada aprendiz
Com
uma ampulheta,
Uma
caneta de ouro e um tinteiro.
A
ignorância e o erro também estavam lá
Mas
a luz da mulher os afastou.
O
professor bateu palmas.
E
todos retornaram da incursão.
Quem
soltou a rosa antes do término da incursão
Perdeu
a dádiva de enganar a morte
E
quem a tinha na mão até o final
Estava
apto a ter uma entrevista com a vitória.
A paixão dos aprendizes
Deixou escrita no coração do tempo
A mensagem mais incrível da semiótica.
O
professor finalmente encerrou a aula
Quando
a gota de sangue do destino
Pingou
no chão e dela nasceu um rouxinol
(Este
era o sinal do encerramento da aula).
A
transformação transcende a hora da aula.
O
professor e os alunos sabiam disso.
A
liberdade é uma aula fascinante.
Anakin Ribeiro
Comentários
Postar um comentário