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Mostrando postagens de novembro, 2017

Elogio do mal

1. A uma certa distância todas as formas são boas. Em cada coisa, um desvão; em cada desvão não há nada. À mão direita, a explicação perfeita das coisas. À esquerda, a certeza do inútil de tudo. Ter duas mãos é muito pouco. Por isso, por isso os nomes, os nomes que embebem o mundo, e os verbos se fazem carne, e os adjetivos bárbaros. 2. O mundo se gasta aos poucos. A coisa se basta a si mesma, mas não basta ao que pensa um mundo atulhado de coisas que se apagam sem pudor, que se deixam dissipar como quem não quer nada. Existir é muito pouco. Por isso, por isso os nomes, os nomes se engastam nas coisas e sugam o sangue de tudo e sobrevivem ao bagaço e negam a tudo o direito de só durar o que é duro, e roubam do mundo a paz de não querer dizer nada. 3. Bendita a boca, essa ferida funda e má. Paulo Henriques Britto