A poesia mergulha nos meus olhos,
no meu paladar,
na audição,
olfato,
tato.
Amamos músicas coloridas
e odiamos a voz silenciosa da solidão.
E por onde quer que o sonho viaje no coração do
cometa,
a fome por beleza
decifra a linguagem
que faz o tolo e o sábio se entenderem.
O amor é um labirinto invencível
feito de milhões de espelhos
cujas entrada e saída se confundem
e onde - extasiado,
absorto, cálido e faminto -
à espera um corpo belíssimo mostra o enigma da vida.
Meus séculos e meus milênios,
eu os vivo no inefável carpe diem
de um breve regozijo ou de uma dolorosa lição.
Todos pintamos telas magníficas que, estáticas,
movimentam uma odisseia,
mas elas só cantam as guerras que perdemos
para a morte.
E à medida que admito que sempre desdenhamos a
estrela alcançada,
eu vivo uma vaidade que tem a beleza de um abismo,
apenas para responder ao tempo
que tudo se resume ao desejo de ter o que não tenho.
A beleza clama.
O coração escuta.
(Não ouses a fealdade.)
A mais pura beleza é o que ainda não temos.
Anakin Ribeiro
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