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O professor


Um professor muito perspicaz lia uma poesia e falava para seus alunos sobre o sentido da vida, durante as aulas de língua portuguesa. Em determinado momento, observando o desinteresse de alguns deles, disse:
- Quem é indiferente à beleza, passa pela vida como se fechasse os olhos para ela.
- O senhor está falando besteiras - respondeu, ofendido, um dos alunos.
- Não levante seu tom de voz, melhore seus argumentos.
- Está me chamando de idiota?!
- Ninguém estaria aqui hoje questionando a importância da aula ou sobre o sentido da vida se fosse um verdadeiro idiota – continuou o professor. Questionar faz parte do processo. Contudo, se uma pessoa se irrita porque espera sempre ouvir aquilo que deseja ouvir, como seria o mundo se todos fossem obrigados a falar só o que agrada ao outro?
O aluno parou subitamente e ficou refletindo:
- O que o senhor quer dizer com isso?
- Quero dizer algo bem simples – respondeu o professor. As pessoas estão acostumadas a ouvir apenas aquilo que elas querem ouvir, e não aquilo que elas precisam ouvir.
- E o que as pessoas precisam ouvir?
- Que a beleza da vida não pode ser ignorada. O mundo está cheio de perdedores. E sabe o que é um perdedor? O perdedor não é meramente aquele que fracassa. É aquele que desiste, que se acomoda, que se recusa a prosseguir, que não sonha em evoluir e que só quer ouvir o que lhe convém. Enfim, a vida merece o melhor. Apatia é nociva. A educação faz vencedores. E eu não quero que ninguém nesta sala seja um perdedor!
O aluno, ao entender o que o professor dissera, fez sinal com a cabeça concordando. Já não estava mais irritado.
No quadro, um verso da poesia dizia tudo: “Beije a face da vitória, enquanto o perdedor fecha os olhos para a vida”.
Anakin Ribeiro

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