Nádia terminou a faculdade de economia, encontrou nesse tempo o amor da sua vida, que depois se mostrou não ser o amor de sua vida. Ela o amava de fato, mas seu relacionamento nada mais era do que um relacionamento abusivo. Onde já se viu um homem proibir a mulher de trabalhar (por ciúme) enquanto é adepto contumaz de festas noturnas? Ah, no nosso país.
Ela era constantemente ignorada, negligenciada e desvalorizada. Ouvia gritos, críticas depreciativas, comentários injustos. Mas ela continuava amando seu marido, Túlio. Queria trabalhar, queria ser mãe, mas Túlio não respeitava suas vontades, não abraçava os sonhos da companheira. A ida inesperada a uma psicóloga mudou tudo. A psicóloga a escutou e falou da importância da coragem e da necessidade de viver uma vida com plenitude. E um relacionamento abusivo não permite isso. Explicou que as pessoas, quando querem, têm uma capacidade incrível de enfrentar e superar situações de crise. Isso se chama resiliência. Nádia entendeu a dinâmica da sua própria vida – e escolheu a si mesma ao invés dos outros. Não se tratava de egoísmo, mas de amor-próprio.
Ela adquiriu força, coragem e determinação, mesmo diante da dor de um divórcio. O marido não queria, mas ela foi irredutível. Divorciou-se. Findou definitivamente aquela relação.
Mais tarde, conseguiu um trabalho num bom escritório. Estava só, mas não se sentia só. Ia a festas, a praias e aos shoppings, conheceu pessoas novas, se apaixonou novamente, mas não casou apressadamente, teve uma filha linda. Enfim, ela encontrou uma versão muito melhor para sua vida quando uma psicóloga lhe apresentou a resiliência. A resiliência foi o marco que deu início à transformação de uma vida que precisava se olhar no espelho da importância e se reconhecer como pessoa especial, digna, única e merecedora da felicidade.
Toda vez que Nádia fica triste, ela olha para a filha, para o bom marido e para um quadro branco na parede onde está escrito a palavra resiliência.
Anakin Ribeiro
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