Eu
vejo você
Errando
pela cidade atormentada
Tropeçando
em sua própria sombra
À
beira da rua
À
beira do caminho
À
beira da loucura.
Eu
vejo você
Carregando
o filho nos braços
Quando
ainda é madrugada
Para
a escola que você nunca frequentou
À
beira do sono
À
beira do esforço
À
beira da esperança.
Eu
vejo você
Pela
fresta de alguma janela alta
Arremessando
a dor com tanta força!
À
beira do abismo
À
beira do desencanto
E
da deserção.
Eu
vejo você
Cuidando
de um jardim que não é seu
Mãos
na terra, coração nos céus
À
beira de florir
À
beija de entender
Quem
lhe pôs aqui.
Eu
vejo você
Num
reflexo de um espelho qualquer
(O
espelho é o maior dos silêncios )
À
beira da água
À
beira do mergulho
À
beira de si mesmo.
Eu
vejo você
Vivendo
o mesmo santo dia em repetição
Há
tantos e tantos santos anos
À
beira do absurdo
À
beira de encontrar um verso simples
Que
lhe convide a despertar.
Eu
vejo você
E
o seu medo de deixar-se ir
De
deixá-los aqui
À
beira de soltar
À
beira de soltar-se
E
prosseguir.
Eu
vejo você
E
o seu sorriso de vitrine
Buscando
um sol que ilumine
Uma
secreta escuridão
À
beira de uma crise
À
beira do embaraço
À
beira... e só.
Vejo
você
Como
quem vê espectros
Que
cintilam em meio à multidão.
Para
o poeta que anda
À
beira do papel
À
beira do real
À
beira da solidão,
O
invisível é fundamental
Para
toda e qualquer composição.
Andrey
Cechelero
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