Sou uma crônica. Desde que alguém me inventou – e isso já tem um tempinho – andei por um monte de lugares menos nobres que esse post. Nasci num caderno de anotações. Não, não era um moleskine com capa de couro e procedência garantida por certificado. Era um bloquinho tosco e ensebado. O meu Autor era um pouco mais jovem e, cá entre nós, meio cabeça de vento. Apesar de não ser dos mais envernizados eruditamente falando, achava-se o Rubem Braga da Zona Oeste. Toda vez que vinha até as páginas do bloco escrevia trechos de mim, mas acabava não me concluindo. Foram meses e meses assim. E eu não sabia o que era pior: quando ele chegava do nada, escolhia uma folha a esmo e tentava desenvolver alguma ideia nela ou quando ia embora e me largava semanas dentro da sua mochila úmida e escura. Não preciso dizer que a presença ou a ausência dele me provocavam igualmente uma gastura tremenda. Houve instantes em que me desesperei e lancei aos céus uma lamentação chorosa: po...