Lá, num fundo de gaveta, dois lápis estavam juntos. Um era novo, bonito, com ponta muito bem feita. Mas o outro – coitadinho! – era triste de se ver. Sua ponta era rombuda, dele só restava um toco, de tanto ser apontado. O grandão, novinho em folha, olhou para a triste figura do companheiro e chamou: – Ô, baixinho! Você, aí embaixo! Está me ouvindo? – Não precisa gritar – respondeu o toco de lápis. – Eu não sou surdo! – Não é surdo? Ah, ah, ah! Pensei que alguém já tivesse até cortado as suas orelhas, de tanto apontar sua cabeça! O toquinho de lápis suspirou: – É mesmo... Até já perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador... O lápis novo continuou com a gozação: – Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho em folha! – Estou vendo, estou vendo... Mas, me diga uma coisa: Você sabe o que é uma poesia? – Poesia? Que negócio é esse? – Sabe o que é uma carta de amor? ...