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Mostrando postagens de setembro, 2019

O poder da literatura

 Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam para a fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao contrário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na interação, a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias. Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limite a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na contramão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e acelera, a literatura se contrai, pedindo que paremos para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura - no sentido prático - é inútil. Mas ela apenas parece inútil. A litera...