Um jovem advogado foi indicado para
inventariar os pertences de um senhor recém falecido. Segundo o relatório do
seguro social, o idoso não tinha herdeiros ou parentes vivos. Suas posses eram
muito simples. O apartamento alugado, um carro velho, móveis baratos e roupas
puídas. “Como alguém passa toda a vida e termina só com isso?”, pensou o
advogado. Anotou todos os dados e ia deixando a residência quando notou um
porta-retratos sobre um criado mudo.
Na foto estava o velho morto. Ainda
era jovem, sorridente, ao fundo um mar muito verde e uma praia repleta de
coqueiros. À caneta escrito bem de leve no canto superior da imagem lia-se “sul
da Tailândia”. Surpreso, o advogado abriu a gaveta do criado e encontrou um
álbum repleto de fotografias. Lá estava o senhor, em diversos momentos da vida,
em fotos em todo canto do mundo.
Em um tango na Argentina, na frente
do Muro de Berlim, em um tuk tuk no Vietnã, sobre um camelo com as pirâmides ao
fundo, tomando vinho em frente ao Coliseu, entre muitas outras. Na última
página do álbum um mapa, quase todos os países do planeta marcados com um
asterisco vermelho, indicando por onde o velho tinha passado. Escrito à mão no
meio do Oceano Pacífico uma pequena poesia:
Não construí nada que me possam
roubar.
Não há nada que eu possa perder.
Nada que eu possa trocar,
Nada que se possa vender.
Eu que decidi viajar,
Eu que escolhi conhecer,
Nada tenho a deixa
Porque aprendi a viver...
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