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Mostrando postagens de 2018

Resposta

Buscamos a grande resposta para a vida. Dissemo-la para nós mesmos: “Amar é o nosso porquê absoluto”. Mas ignoramos e odiamos. A grande pergunta seria: “Qual o sentido de estarmos aqui?” Então, o destino e a escolha se encontram num labirinto Para jogar xadrez e resolver a peremptória questão. O vencedor nos oferece uma espada quebrada. E de lá saímos ao encontro de um dragão, que nos desafia a vencê-lo, Se fizermos poesia com nossas desgraças. Anakin Ribeiro

O permanente e o provisório

O casamento é permanente, o namoro é provisório.  O amor é permanente, a paixão é provisória.  Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.  Um endereço é permanente, uma estada é provisória.  A arte é permanente, a tendência é provisória.  De acordo? Nem eu.  Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem, anteontem, já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.  Amor permanente... como a gente se agarra nesta ilusão. Pois se nem o amor pela gente mesmo resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o...

O lavrador de palavras

O torso descoberto no dorso aberto da tarde O lavrador de palavras planta palavras na lama. A cada letra que planta é dez segundos mais velho ( Com licença, Vou me olhar no espelho). Mano Melo

Dualidade

A bondade e a maldade estão em mim. Para resolver o conflito, todos os dias eu alimento a liberdade com poesia. Anakin Ribeiro

Brancos

Perdoa coração este momento  de introspecção.  Sinto teu aperto,  teu descompasso,  tua pressão.  Peço-te perdão  por mais este instante oprimido,  por todo impulso contido,  cada decepção que te causei:  as grandes cenas que não fotografei,  os beijos que retive,  as risadas que contive,  as brigas que não briguei,  os poemas que não escrevi,  os falsos que respeitei,  as auroras que não vi,  os porres que não permiti,  o amigo que não percebi,  o amante que não amei.  Perdoa coração por este abuso,  mas me recuso a recuar novamente.  É que sempre se morre um pouquinho  a cada emoção que não se sente.  Não vale entrar na vida de mansinho;  tem-se que vibrar intensamente,  ainda que te custe uma palpitação. Flora Figueiredo

Abraços

Encontrei em você a base que me sustenta, Beijo que aquece, abraço que acalenta. Nesta data, palavras faltam para mim, Digo apenas que te amo, Dia dos Pais é assim! Camila Caproni

Prosopopeia

Certa vez, a Morte perguntou para a Vida: “Por que todo mundo te ama e me odeia?” E a Vida respondeu: “Porque eu sou uma linda mentira e você, uma dolorosa verdade.”

Lua congelada

Com esta solidão ingrata tranquila com esta solidão de sangrados achaques de distantes uivos de monstruoso silêncio de lembranças em alerta de lua congelada de noite para outros de olhos bem abertos com esta solidão desnecessária vazia se pode algumas vezes entender o amor. Mario Benedetti

Louva-a-deus

           Um violão nas costas um grafiti na parede que grita um nascer do sol ignorado um beijo esquecido. Toda a história da humanidade está numa música. Ferimos quem amamos e devoramos quem nos dá prazer. Louvamos a busca vã pela eternidade e por onde passamos a liberdade prende a si mesma no infinito aberto. A violência dança e eu escolho fugir para o refúgio do poeta fatal território onde prevalece o fino fio do equilibrista que nos convida a breves tentativas de viver o carpe diem. Todos buscamos o equilíbrio e o proibido nos atrai para nos dilacerar ou nos salvar. Na vida, só há uma certeza: A verdade mente quando o amor é superestimado forjado de uma vaidade que diz que sou único merecedor admirável o melhor. Eu sou um louva-a-deus e fui programado para falhar mas também olhar para o alto. A poesia do louva-a-deus traduz a jornada humana. Anakin Ribeiro

Filocalia

A poesia mergulha nos meus olhos, no meu paladar, na audição, olfato, tato. Amamos músicas coloridas e odiamos a voz silenciosa da solidão. E por onde quer que o sonho viaje no coração do cometa, a fome por beleza decifra a linguagem que faz o tolo e o sábio se entenderem. O amor é um labirinto invencível feito de milhões de espelhos cujas entrada e saída se confundem e  onde - extasiado, absorto, cálido e faminto - à espera um corpo belíssimo mostra o enigma da vida. Meus séculos e meus milênios, eu os vivo no inefável carpe diem de um breve regozijo ou de uma dolorosa lição. Todos pintamos telas magníficas que, estáticas, movimentam uma odisseia, mas elas só cantam as guerras que perdemos para a morte. E à medida que admito que sempre desdenhamos a estrela alcançada, eu vivo uma vaidade que tem a beleza de um abismo, apenas para responder  ao tempo que tudo se resume ao desejo de ter o que não tenho. A beleza clama. O ...

Antes de virar gigante

No tempo d'eu menina os corredores eram longos as mesas altas as camas enormes. A colher não cabia na minha boca e a tigela de sopa era sempre mais funda do que a fome. No tempo d'eu menina só gigantes moravam lá em casa. Menos meu irmão e eu que éramos gente grande vinda de Lilliput. Marina Colasanti

Consoada

Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou coroável) Talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: – Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar. Manuel Bandeira

Inútil sou

Por seguir das coisas o compasso, às vezes, quis neste século ativo, pensar, lutar, viver com o que vivo, ser no mundo algum parafuso a mais. Mas, atada ao sonho sedutor, do meu instinto voltei ao escuro poço, pois, como algum inseto preguiçoso e voraz, eu nasci para o amor. Inútil sou, pesada, torpe, lenta, meu corpo, ao sol estendido, se alimenta e só vivo bem no verão, quando a selva cheira e a enroscada serpente dorme em terra calcinada; a fruta se abaixa até minha mão. Alfonsina Storni