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As cartas apaixonadas



Um guerreiro apaixonou-se pela filha do seu general. No intervalo das batalhas, escrevia cartas apaixonadas – mas ficava com medo de enviá-las, pois os agentes do general podiam descobrir seu conteúdo.
Finalmente achou um mensageiro de confiança – e mandou um bilhete à sua amada, implorando um encontro.
Logo recebeu a resposta: a moça conseguiria escapar da vigilância de seu pai por duas horas.
Entusiasmado, o guerreiro levou consigo todas as cartas de amor que havia escrito. Assim que a viu, tirou-as do bolso, e começou a ler suas declarações de amor em voz alta. Quando terminou, duas horas já haviam passado, e a moça teve que voltar para casa.
Preocupado em mostrar o quanto a amava, o guerreiro não conseguiu amá-la de verdade.

Paulo Coelho

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